quinta-feira, 18 de abril de 2024

Antero de Quental (1842-1891)

Antero de Quental


Antero de Quental nasceu nos Açores, 18 de Abril de 1842,  na Ilha de S. Miguel, cidade de Ponta Delgada. Foi uma das figuras marcantes na poesia e na política na segunda metade do século XIX em Portugal. 

Nasceu no seio de uma família profundamente religiosa. Estudou no Colégio do Pórtico, de Ponta Delgada, fundado e dirigido por António de Feliciano de Castilho. Em 1858 ingressou na Universidade de Coimbra, onde se viria a licenciar em direito em 1864. É neste período que entra em contacto com a obra de Kant, Hegel, Proudhon, Michelet, A. Comte e outros pensadores contemporâneos.  Funda a Sociedade do Raio, organização secreta de estudantes envolvida em práticas maçónicas e na contestação ao sistema. Colabora no jornal O Académico. 

Antero de Quental adere às ideias modernas do seu tempo (republicanismo na política, realismo na arte), destacando-se logo em 1865-1865, pelos ataques que faz aos defensores das concepções mais tradicionais em arte, como o Feliciano de Castilho, na polémica conhecida como a Questão Coimbrã. Após a formatura, seguindo exemplo de Proudhon resolve aprender o ofício de tipógrafo na Imprensa Nacional (1866), seguindo logo a seguir para Paris onde apoia os operários  franceses. Não tarda a regressar a Portugal e a viajar para os EUA.


Em 1868 fixou-se em Lisboa, onde funda com antigos colegas da universidade o Cenáculo, na Casa de Jaime Batalha Reis. Nesta fase distingiu-se como um grande paladino das ideias republicanas.

No ano da Comuna de Paris (1871), em Lisboa, organiza as célebres Conferências do Casino, que marcaram o inicio da difusão das ideias socialistas e anarquistas em Portugal. Neste ano rompe com o cristianismo e passa a defender uma organização social de inspiração anarquista (Proudhoniana), assente em dois pilares fundamentais: a liberdade e a fraternidade. Neste ano funda diversas associações operárias, publica folhetos e dirige jornais de propaganda das novas  ideias ( A Republica Federal, A República-Jornal da Democracia Portuguesa, O Pensamento Social e a Revista Ocidente).
  
Durante uma viagem a Paris, fica gravemente doente. Em 1881 refugia-se em Vila do Conde, onde estuda Schopenhauer e E. Hartmann. Numa carta datada de 7 de Agosto de 1885, a Carolina Michaelis de Vasconcelos, afirma que terminar o seu período poético e entrara no filosófico, pretendendo desenvolver e sistematizar a sua filosofia.


Em 1890 é chamado para encabeçar um movimento patriótico que opôs Portugal à Inglaterra em relação à partilha de África.



Agastado com múltiplos problemas para os quais não consegue encontrar resposta, acaba por regressar a Ponta Delgada (Junho de 1891) onde se suicidou a 11 de Setembro de 1891.
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Antero de Quental pertenceu à denominada "Geração de 70", que inclui Eça de Queiróz, Oliveira Martins, Ramalho Ortigão, Teófilo de Braga, Adolfo Coelho, Guerra Junqueiro, Gomes Leal e muitos outros, e que que assumiu como um grande objectivo a reforma cultural e social de Portugal.
A filosofia de Antero é inseparável da sua poesia, onde de forma mais sistemática procurou desenvolver todo um percurso poético-filosófico desde a dúvida religiosa até um panteísmo de inspiração oriental. Reagindo contra o naturalismo e o positivismo que predominavam no seu tempo procurou, no final da vida conceber uma filosofia centrada na consciência e na liberdade.




Edição comemorativa dos 175 anos do nascimento de Antero de Quental.
 Promovida pelos Antigos Alunos da Escola Secundária Antero de Quental em Ponta Delgada.
Tiragem: 300 exemplares.
Circulação: 2018-02-21.

 
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Fases da obra de Antero de Quental


1875 - Odes Modernas - 2ª Edição
Livraria Internacional - Lisboa/Porto


1890 - Os Sonetos - 2ª Edição
Lopes & Cia - Editores

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Obras poéticas:

 Odes Modernas (1865); Primaveras Românticas (1871); Sonetos (1886); Raios de Extinta Luz (obra póstuma, 1892);






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Obras e artigos político-filosóficos:

Arte e Verdade - Caracteres Positivos da Arte (artigo, 1865); O Sentimento de Imortalidade (artigo, 1868);  Portugal Perante a Revolução de Espanha (1868); O que é a Internacional ?(1871); Causas da Decadência dos povos peninsulares nos últimos três séculos (1871);  Considerações  sobre a Filosofia Histórica Literária Portuguesa (1872); Ensaio sobre as bases filosóficas da moral ou filosofia da religião; A Filosofia da Natureza dos Naturalistas (1887); O Socialismo e a Moral (1889); 


Tendências Gerais da Filosofia na Segunda Metade do Séc. XIX (in, Revista Portuguesa, 1890); Defesa da Carta Evangélica de S.S.Pio IX, contra a Chamada Opinião Liberal.   







Bibliografia Essencial sobre Antero de Quental


Medalha comemorativa do centenário
da morte de Antero de Quental
(1891-1991)


Carreiro, J. Bruno - Antero de Quental, Subsídios para a sua biografia. 2 Vols. ICPD.1948
Coimbra, Leonardo de - O Pensamento Filosófico de Antero de Quental. Lisboa. Guimarães Editores.1991
Cidade, Hernâni - Antero de Quental. Lisboa. Ed.Presença.1988
Carvalho, Joaquim de - Evolução Espiritual de Antero de Quental e Outros Escritos. Maia.SRECRAA (Açores).1983 
Mendes, Manuel - Antero de Quental. Lisboa. 1942
Memoriam (In ) de Antero. Porto. 1896 
Ramos, Feliciano - Antero de Quental na poesia filosófica.Vila do Conde.1936.
Saraiva, António José - A Tertúlia Ocidental. Lisboa.1990
Salgado, Junior - História das Conferências do Casino.Lisboa. 1930
, Victor de - Antero de Quental. Porto. 1977
Santos, Leonel Ribeiro - Antero de Quental.Uma visão moral do mundo. Lisboa.2002
Silva, Lúcio Craveiro - Antero de Quental. Evolução do seu pensamento filosófico.Braga.1959 
Vita, Luis Washington - Antero de Quental. Rio de Janeiro. 1961

Fonte: Carlos Fontes (Filosofia)

sexta-feira, 12 de abril de 2024

Cónego Francisco Dolores


Cónego Francisco Dolores Monteiro Borges de Medeiros
Natural de Santo Espírito, Vila do Porto, Santa Maria,
onde nasceu a 9 de Julho de 1949.


Frequentou o Seminário Menor de Ponta Delgada nos anos lectivos de 1962/63 e 1963/64;


e o Seminário Episcopal de Angra de 1964 a 1974, nos cursos filosófico e teológico.

Ordenou-se em 19 de Abril de 1974, na Matriz de Nossa Senhora da Assunção de Vila do Porto.

Vigário Cooperador das Lajes – Terceira, de Julho de 1974 a Outubro de 1979. Delegado Diocesano da Juventude para o Concelho da Praia da Vitória de 1974 a 1979, nessa qualidade promoveu a Marcha da Juventude "Páscoa 1979", com 1200 Jovens, a pé de S. Sebastião até à Sé Catedral, no Sábado de Ramos desse ano.

Professor de História, Português e Religião e Moral na Escola Preparatória da Praia da Vitória de 1974 a 1979.

Pároco de Santa Bárbara das Nove Ribeiras, de Outubro de 1979 a Outubro de 1989 e de Abril de 1984 a Outubro de 1979, também pároco de São Jorge das Doze Ribeiras.

Em Maio e Junho de 1980 deslocou-se aos E. U. A (Costa Leste e Califórnia) e Canadá, onde criou , com o apoio da "Voz dos Açores" e outras entidades, Comissões de Apoio à Reconstrução para as Paróquias de Santa Bárbara, Doze Ribeiras, Cinco Ribeiras, e Ilha de São Jorge.


Fundou e dirigiu o mensário "FAMÍLIA" da Zona Oeste da Terceira de 1981 a 1989, com uma tiragem média de 1200 exemplares.

Administrador da União Gráfica Angrense de 1983/90 e de 1992 a 1997.

Pároco de Nossa Senhora de Belém desde Outubro de 1989; Pároco de Posto Santo de Janeiro de 1991 a Novembro de 1993 de São Bartolomeu de Regatos de novembro de 1993 a Julho de 1995 e de Julho de 1999 até 6 de Setembro de 2002.




Pároco e Reitor do Santuário de Nossa Senhora da Conceição, em Angra do Heroísmo, desde 21 de Setembro de 2002.

Ouvidor de Angra do Heroísmo de Novembro de 1989 a Dezembro de 1992.




Vigário Judicial da Diocese de Angra de Março de 1992 a 1996. Notário do mesmo Tribunal no presente. Frequentou, em Fátima o Curso de Processo de Nulidade do Matrimonio, ministrado pela Universidade de Navarra e em 2001, o Curso sobre Transtornos psíquicos e nulidade do matrimonio, ministrado pela Pontifícia Universidade de Salamanca.




Diretor do Secretariado das Migrações de Novembro de 1990 a 1993.

Diretor do Secretariado da Pastoral Juvenil de 1985 a 1992.

Redator desde 1981 de "A União" e Chefe de Redacção do mesmo de 1995 até Setembro de 2001.

Pároco da Terra-Chã, de 1 de Outubro de 1989 a 7 de Setembro de 2002.

Responsável pelo Secretariado Diocesano da Comunicação Social de 1992- 95.

Chefe do Projecto In-Forma de Prevenção Primária da Toxicodependência (1991-1993).

Actualmente Assistente da Cáritas da Ilha Terceira e do Conselho Central Das Conferências Vicentinas da Ilha Terceira.

Fundador dos Escuteiros da Sé, em 1972-73. Medalha de Bronze do CNE.


1996 - Francisco Dolores
com prefácio do Pe. Caetano Tomás


Publicou "Na Brecha" em 1996. Duas Menções Honrosas em Conto.

Pregou dois Retiros internacionais em Lurdes.

Colaborou inicialmente na Enciclopédia Açoriana (Medicina Botânica).


2015 - Francisco Dolores
com prefácio de Aurélio Franco da Fonseca


2014-04-19 - Sobrescrito editado pelo NFAH


Foi elevado à dignidade de Cónego a 11 de fevereiro de 2015, passando desde essa data a integrar o Cabido da Sé de Angra e a fazer parte do Colégio de Consultores do Bispo Diocesano.

In: Santuário de Nossa Senhora da Conceição (Angra do Heroísmo)
        
Medalha comemorativa
2014 - Homenagem de um grupo de amigos

Cónego Francisco Dolores distinguido como capelão da
Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa.

“Entendo esta distinção como uma forma de reconhecer a minha história pessoal de vida, com a forma como vivo a minha piedade pessoal e, sobretudo com a minha devoção e entrega a Nossa Senhora” disse emocionado o Cónego Francisco Dolores em declarações ao Sítio Igreja Açores.


“Ainda por cima, no ano em que se comemora o centenário das Aparições é para mim uma honra receber este reconhecimento”, precisou.

“Historicamente sempre me mantive fiel aos princípios de Portugal e a minha devoção a Nossa Senhora da Conceição acompanhou-me ao longo da vida, desde tenra idade. Lembro-me da minha avó nunca falhar uma festa da imaculada Conceição na ilha de Santa Maria e de nos levar com ela. Há uma devoção muito especial a Nossa Senhora na minha família”, prosseguiu o sacerdote que não esconde, por outro lado, que esta “honra não vem acrescentar nada à minha fé, nem diminuir, mas sinto- me  gratificado na minha devoção para com a mãe do Céu e rainha de Portugal que me protege num momento em que estou a restaurar as minhas forças para continuar a trabalhar e a servir o povo e a igreja”.




A Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa foi criada no Rio de Janeiro, em 1818, por D. João VI de Portugal, “representando solene testemunho de reconhecimento pela libertação do nosso país de um gravíssimo risco e constituindo, nas palavras de sua majestade fidelíssima D. João VI, memória da devoção a Nossa Senhora da Conceição, invocada por "Padroeira do Reino” refere o documento que cria esta ordem.





Esta sexta-feira, pelas 20h30, a Lar Doce Livro – livraria, café & posta-restante recebe e estimula a homenagem de amigos e admiradores ao Pe. Francisco Dolores, por ocasião dos seus 50 anos de ordenação (19 de Abril de 1974).

Porque a literatura é das suas personagens e as personagens das pessoas que as compõem. O que é ainda mais evidente num padre popular, com experiência de endireita, laivos de druida, imagem de filantropo e um sentido de humor pelo menos subversivo.

Moeda "MALUCO"




"MALUCO"

Moeda obsidional, fundida (*), para circular nos Açores. Esta moeda ficou conhecida por Maluco ou Badalada, dois nomes sugestivos que lembram a sua origem. Badaladas porque foram feitas dos sinos das igrejas (badalos) e daí deriva também o nome de Maluco, pois o povo ao ver arrear das igrejas e ermidas os seus sinos, só poderia, no mínimo, considerar uma medida não muito ajuizada, pois os sinos marcavam a vida das populações, desde regular o trabalho, como servir de meio de comunicação e até como devoção.

A 12 de Setembro de 1829 Teotónio de Ornelas
entrega sete arrobas de sinetes na Casa da Moeda,
no Castelo de São João Batista, para fundição da moeda.


A necessidade de afirmar D. Maria II, como a legítima rainha de Portugal, e a falta de moeda na época, levaram a Junta Governativa, instalada em Angra, a 12 de Abril de 1829, mandar recolher o que houvesse de prata velha, sinos pequenos, sinetas e outras peças de cobre e bronze, para obter moeda.


Selo postal
Fortaleza de São João Batista
em Angra do Heroísmo


Esta foi fundida (*) por Ordem de 7 de Maio de 1829, em dependência do Castelo de São João Batista, seguindo de perto o modelo da peça em ouro, cunhada no Rio de Janeiro, na regência do príncipe D. João.




Corria pelo valor de 80 réis, passando pouco tempo depois a circular por 100 réis, sendo hoje mais conhecida pela designação de «Maluco».

A RÉPLICA


A réplica da moeda "MALUCO"











Carimbo comemorativo



Bilhete-postal comemorativo.




        MOSTRA DA MOEDA "MALUCO"







FOTO-REPORTAGEM
DO EVENTO





António Couto, Presidente da Direção do NFAH
Dr. Francisco Maduro-Dias, Orador convidado
Dr. Álamo de Meneses, Presidente da CMAH
Sr. Rui Castro, Representante dos CTT


RTP AÇORES

LINK: --> *** VÍDEO ***




*** BOM GOSTO ***

O arquiteto José Castro Parreira foi o responsável pelo novo hotel em Angra do Heroísmo, na Rua de Jesus. Aquando as obras foi encontrada uma moeda "MALUCO".
O arquiteto teve uma inspiração divina, reproduzir, numa das paredes interiores, esta simbólica moeda que carrega em si uma das mais belas páginas da história portuguesa.
Com estes gestos de BOM GOSTO divulgam-se episódios relevantes da nossa história terceirense.





(*)

*** MOEDAS FUNDIDAS EM PORTUGAL ***

 

Em Portugal foram poucas as moedas obtidas por fundição:


A primeira foi o “Engenhoso” de D. Sebastião, em ouro, no ano de 1562. Foi um processo experimental destinado a impedir o cerceio do bordo da moeda.


No reinado de D. Pedro II como Regente do Reino, foram emitidas as séries em cobre (real e meio, 3, 5 e 10 reais) desde 1673 a 1677.


Na ilha Terceira, no reinado de D. Maria II, temos os “Malucos“ em bronze, fundidos no ano de 1829.

As moedas fundidas têm a superfície com aspeto poroso, o contorno dos desenhos e letras mais redondo e menos vincado que as obtidas por cunhagem a martelo ou por máquina.


Para este processo, dois moldes à base de areia, um com o anverso e outro com o reverso, são encostados frente a frente e o metal líquido é vazado por um orifício. Depois de arrefecer os moldes são separados e a moeda é limada no bordo para retirar os vestígios da entrada do metal.

As moedas geralmente apresentam pequenas bolhas como resultado da libertação de gases do metal a ferver, como se pode verificar junto ao 80 e por cima dos ramos.


Os desenhos feitos no molde em areia não são tão perfeitos como os dos cunhos da cunhagem manual ou mecânica.


Fonte: Fórum de Numismática


A MOEDA DE 80 RÉIS CUNHADA EM 1824 NO BRASIL